É, no mínimo, curiosa a complexidade que constitui a existência.
Inspirada numa conversa de um dia destes, dei por mim a pensar na densa trama de facetas que expomos ao longo da nossa vida. Umas por opção própria, outras inconscientemente.
Assumem-se diversos papéis no dia a dia. O de mãe, o de mulher, o de trabalhadora, o de amiga, o de colega, o de conhecida (e podia continuar a nomeá-los quase a noite toda) que se entrelaçam entre si e que partilham características, mas que podem também manifestar-se de maneira bem diferente.
Nunca me sentirei completa se apenas conseguir aprofundar um.
O desejo de poder preencher todos eles de uma forma plena, impossibilita-o.
Sentir que merecemos mais, dói. Dói ao constatar o que perdemos (ou não ganhámos) e dói ao tomarmos consciência de todo o difícil processo que temos pela frente, para conseguir fazer qualquer coisa para o mudar.
Há uma inquietação latente. Um medo do desconhecido. Um não suportar mais do mesmo.
No entanto há algumas facetas que nos equilibram, que nos apaziguam.
A minha é claramente a de mãe.
Nasci para ser mãe, sei-o agora..
Não nasci para ser SÓ mãe. Mas a maternidade trouxe-me algo que até então nem suspeitava que existisse. Trouxe-me serenidade, trouxe-me um amor impossível, trouxe-me uma sustentação inigualável.
Infelizmente, só por si, não justifica toda uma vida. Faz falta muito mais.
E esta busca fere.
A esperança que espreita numa nova realidade.
A desilusão de ficarmos aquém das expectativas ou das potencialidades..
Viver custa..